sexta-feira, 12 de setembro de 2008


Homenagem


Esta semana resolvi falar de algo mais leve, que não tem relação nenhuma com Filosofia, Psicanálise, Sociologia e/ou Antropologia. Bom, relação até tem, afinal de contas, se o pensador esloveno Slavoj Zizek consegue extrair exemplos de desenhos animados, porque eu não poderia fazer um esforço semelhante e analisar um seriado de tv como “The Wonder Years”? A resposta é simples: porque eu não quero. Tenho certeza, que muitos daqueles que têm minha idade ou uma idade aproximada, já ouviram falar de um tal seriado chamado “Anos Incríveis”, que no início dos anos 90, ia ao ar todas as noites, por volta das 19:30 na TV Cultura. Aposto que nomes como Kevin Arnold, Winnie Cooper e Paul Pfifer soam familiares não é mesmo? Talvez alguns perguntem: Mas por que cargas d'água o João está escrevendo sobre esse seriado bobo? Eu diria que por razões bem simples. Primeiro, não acho que ele seja bobo, o que significa dizer, que seu comentário em relação ao mesmo não diz muita coisa sobre minha relação com o seriado. Segundo, porque essa semana bateu uma vontade de escrever sobre algo diferente para o padrão do blog, e terceiro – e que para mim é a resposta mais coerente -, porque este seriado tem um significado especial para mim. Quem já teve oportunidade de assisti-lo sabe que “The Wonder Years” era ambientado num subúrbio dos Estados Unidos na década de 60, e retratava o cotidiano de uma típica família americana, e a relação desta com os grandes acontecimentos que marcaram a respectiva década, como a guerra do Vietnan, a revolução sexual (se é que posso usar essa expressão), a luta por direitos civis de negros e mulheres, a explosão do movimento hippie, etc,...Mas não era por retratar esses acontecimentos que o seriado tinha e tem um significado especial para mim. Na época que comecei a assisti-lo, por volta de meus 16/17 anos, nem fazia essa conexão entre os dramas da familia e os acontecimentos políticos e culturais nos quais ela estava inserida.
Acredito que meu fascínio estava relacionado com a forma pela qual as pequenas coisas do cotidiano eram expostas no seriado. Quem de nós não teve um professor ou professora especial? Uma paixão adolescente? Um grupo de amigos/as inseparáveis? Era quase impossível não se identificar com algumas situações vivenciadas pelo jovem Kevin Arnold. A trilha sonora que acompanhava o desenrolar das histórias também mereceria uma postagem à parte, tendo em vista a seleção de “pérolas” que desfilavam todas as noites, à começar pelo tema de abertura “With a little help for my friend” na voz de Joe Cocker, versão esta, que na minha opinião, é bem melhor que a original dos Beatles. O engraçado disso tudo, é que mesmo agora, perto dos 30 anos, continuo me emocionando com o seriado da mesma maneira que a 12 anos atrás. Não se trata de saudosismo, de ficar remoendo um passado recente, mas de uma sensação boa que me invade sempre que assisto algum episódio. Sei que esses detalhes provavelmente não terá nenhuma importância para você, que está lendo esse texto, mas isso pouco importa, meu propósito não era convencê-lo de que “Anos Incríveis” foi o melhor seriado de tv de todos os tempos. Considero essas poucas palavras uma pequena homenagem a meu devir-menino, que não cessa de me me brindar com agradáveis surpresas.

3 comentários:

rodrigo sérvulo disse...

adorei. eu nõ tenho sua idade mas já assiti anos incríveis. carlinhos é fã incondicional!


ah, devir-menino, isso me lembra o impósio, foi fantástico...

Ale Toresan disse...

Grande homenagem, João, grande.
Vamos voltar a falar da bela trilha sonora desses "anos". E quem sabe, não dá uma um bom texto?

suzana disse...

Texto emocionado e emocionante.
Engrosso o coro sem saudosismo: o melhor seriado de tv de todos os tempos!